Friday, July 01, 2005

Post 7

Naquela noite fria, acendeu mais um cigarro e olhou em vão pela janela.
As primeiras gotas de chuva começaram a cair. Ao fundo da rua o povo fazia as últimas compras antes de se recolher.
Não, ele não queria passar a vida naquele rebuliço de rotinas ensinadas. Era tempo de voltar ao bar, e redescobrir aquela mulher mágica.
Vestiu o Tommy Hillfiger e saiu porta fora.
A chuva estava agora mais densa, e era já difícil avistar o caminho. E o autocarro que não chegava.
Na paragem, inspirou profundamente e recarregou energias para entrar no bar. As fantasias alimentavam-lhe a mente.
Ao entrar reconheceu-lhe o perfume. Ela estava ali. Linda como dantes, com um penteado diferente que lhe descobria mais o rosto. Dirigiu-se a ela e sem falar acendeu um cigarro.
-Há muito tempo que não te via...
Ela retira-lhe o cigarro com a mão direita, exibindo as unhas cuidadosamente pintadas do mesmo tom das cortinas vermelho-tinto daquele mesmo espaço. Dá uma passa no cigarro e expira o fumo para a face daquele admirador.
- Nem eu. Monika, com kapa e sem acento. Mãe eslovaca, pai incógnito. Solteira, auto-suficiente, fumadora social. Bebo um scotch on the rocks se quiseres saber, e gosto de provocar, detesto ser provocada. Maior paixão: jogos, e ganho sempre.
Com um sorriso, ele retira-lhe o cigarro e inicia a sua descrição:
- Estou impressionado. Curioso que a minha maior paixão para além de ganhar, é conquistar. Henrique, como o conquistador...
- Henrique... bebes o quê?
- O mesmo que na última vez...
- Vejo que tens os sentidos bem apurados. Vem comigo.
Ambos se aventuraram a percorrer a sala e a nuvem de fumo que a enchia. Ao fundo, havia duas portas envidraçadas e opacas. Monika foi a frente, entrou na porta da esquerda, e ele hesitou...
A voz rouca dela solta, em tom interrogativo:
- Então, não gostas de jogar?

1 comment:

(in)confessada said...

nada como uma jogadora à altura de um bom jogo!

bjo confesso...